sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Nova África - Estréia na TV Brasil


Internacionalmente, a imagem da África oscila entre estereótipos como "o continente perdido" e metáforas como o "coração das trevas" de que fala Joseph Conrad - uma região alijada do chamado desenvolvimento capitalista, devastada pela peste, miséria e demais efeitos dos séculos de exploração colonial, habitada por populações cuja sobrevivência dependeria de campanhas humanitárias.

Para o Brasil, apesar de toda a imensa herança que, como elemento formador - e a partir do legado cruel da escravidão -, nos deixou, ela continua sendo um grande enigma. É precisamente esse enigma que a série Nova África, em exibição a partir do próximo dia 25, todas as sextas-feiras, às 22hs, na TV Brasil, tenta desvelar.

Dirigida pelo jornalista e blogueiro Luiz Carlos Azenha e por Henry Daniel Ajl, a série se propõe a empreender uma "jornada de descoberta", inédita na TV brasileira, pelo continente africano, revelando-o em sua diversidade, para além dos tais estereótipos imperialistas, com uma atenção especial a seus povos e culturas e à capilaridade de suas relações com o Brasil.
Primeiro programa enfoca Moçambique
Essa jornada começa em pleno mar, que a um tempo une e separa Brasil e África e ocupa um lugar central no imaginário artístico de boa parte da produção desses dois gigantes periféricos tão perto e tão longe entre si. Um barco navega no Oceano índico, que separa o continente africano da ilha de Moçambique, tema do primeiro programa da série de 26 episódios produzida pela Baboon Filmes, que venceu edital público da TV Brasil.

A estratégia narrativa desenhada pelo roteiro permite, a um tempo, retratar a África a partir da perspectiva dos africanos - evitando abordagens condicionadas por um vício imperialista que, como aponta o escritor moçambicano Mia Couto, tem produzido uma imagem falsa do continente - e garimpar os veios de ligação da cultura africana com a brasileira. A primeira operação é propiciada não apenas por entrevistas que evitam as fontes oficiais e interagem da forma mais espontânea possível com o interlocutor, mas por um olhar atento, cúmplice (imerso, e não de fora) ao modo de vida nos países percorridos.

Já a ligação do continente com o Brasil é uma teia tecida de forma sutil e intermitente, num primeiro nível através da repórter Aline Midlej, que já no episódio inicial, em solo africano, declara: "Como muitos brasileiros, tenho dúvidas sobre minhas raízes. Sei que alguns de meus antepassados familiares saíram daqui, e é tudo. É como se minha história familiar se perdesse na imensidão do continente". E, enquanto imagens em sucessão mostram cenas de um cotidiano que bem poderíamos reconhecer como o de muitas pessoas no Brasil - mas que não deixam de ter um quê especial - a ligação com o continente deixa de se dar a partir da subjetividade da repórter e se anuncia coletiva: "mas qualquer um é capaz de reconhecer esse ritmo, esses sorrisos, esse jeito de ser".

Num segundo e mais explícito nível, a ligação África-Brasil é objetivamente tematizada pela abordagem narrativa. No primeiro episódio, por exemplo, isso se dá tanto através de uma reconstituição "subjetiva" da chegada à Ilha de Moçambique do navio Nossa Senhora da Conceição, que em 1792 levou sete dos "inconfidentes" mineiros - cujas penas capitais foram comutadas por degredo em colônias portuguesas. Entre eles, Tomás Antônio Gonzaga, o autor de Marília de Dirceu, que prosperaria em terras africanas. Por vezes, o dualismo África-Brasil é superado pela evidência de uma cultura pan-portuguesa, como na ligação entre Camões (que morou em Moçambique, numa casa semi-arruinada visitada pelo documentário) e a poética luso-brasileira. Mas o momento climático do primeiro episódio se dá através do relato emocionado de uma moçambicana de sua relação com as novelas brasileiras.

Assim, evidencia-se que mais do que o continente em si, são as mulheres e os homens africanos e a cultura - na acepção ampla do termo - que produzem o centro do interesse de Nova África. O documentário, desse modo, não apenas possibilita o contato com uma realidade sócio-cultural da qual a grande mídia nos mantém afastados, mas o faz em grande estilo: com imagens belas mas jamais folclóricas, conteúdo rico em sua diversidade e curiosidade antropológica. Como o demonstra o relato de Conceição Oliveira, que prestou consultora de História à produção:

"No segundo programa, no interior de Moçambique, encontramos a professora Diamantina embaixo de um cajueiro. Era sábado, dia de entrega de material. A cena é fabulosa, passávamos pela estrada e vimos uma roda imensa de crianças ao redor do cajueiro, protegidas do sol pela copa da árvore. Ela dá aula sozinha para 360 alunos em condições distantes da ideal - e não precisa dar um grito para ter atenção. Foi uma lição de vida para todos... Você vai se emocionar, as crianças cantaram lindamente para nós, chorei. Aliás, as crianças de Moçambique me emocionaram sempre".
Excelência técnica e imersão emocional
A direção de fotografia da série (Markus Bruno) não pode ser considerada menos do que primorosa: gravações tecnicamente bem-resolvidas, mas feitas no calor da hora, no melhor estilo jornalístico, combinam-se a tomadas que evidenciam um cuidado extremo não apenas com angulações, movimentos de câmera e composições de quadro, mas em trabalhar a luz - no mais das vezes intensa e natural - de modo a realçar o universo multicolorido do continente sem folclorizá-lo.

Tais imagens são trabalhadas por uma montagem que é ágil sem jamais ser neurótica e "videoclipada", como ora em voga: respira, tem ritmo; não se furta a compor mosaicos com imagens em profusão, mas respeita a relação com o objeto retratado, não hesitando em se deter em determinada tomada por um tempo mais longo, se conveniente. E, embora a ficha técnica não elenque sound design ou montagem de som entre seus quesitos, o som é tratado com especial atenção, seja em relação à imagem, como elemento de condução da narrativa ou exercendo a função de realçar a riqueza musical da África. Trata-se de um aspecto técnico tratado com um apuro raro de se observar em produções jornalístico/documentais da TV brasileira.

Desnecessário dizer que as manifestações sonoras retratadas são, literalmente, um show à parte - valorizado, no caso, pela trilha sonora e pela mixagem de Rafael Gallo. É na música e na dança, mais do que em qualquer outra arte, que a excepcional aptidão artística dos africanos se evidencializa, como manifestação de uma alegria que não sem frequência contrasta com a escassez material em volta:

"Voltei com a sensação de que se há um continente onde seus povos são sinônimo de resistência é o africano. Foi uma das experiências mais marcantes da minha vida como pessoa, estudiosa do assunto, como mulher - afirma Conceição, que promete postar em seu blog algumas histórias sobre a empreitada e "pôr no ar algumas fotos dos sorrisos mais lindos que vi na vida" (o primeiro texto já esta lá, confira).

Um tema tão raras vezes visto nas telas brasileiras, tratado com tamanha sensibilidade e alto grau de excelência técnica, prova a que veio uma TV pública que foi injusta e impiedosamente combatida por certos setores da mídia e pelas penas de aluguel a seu serviço. Pois, caro(a) leitor(a), não se deixe iludir: nenhum canal comercial ousaria produzir uma série com tamanha qualidade, que se estendesse por tanto tempo e sobre um assunto sem apelo comercial para os grandes anunciantes - porém, como a própria série demonstra, essencial para uma melhor compreensão não apenas da África e dos africanos, mas, através dela, do que somos nós: é a TV pública brasileira dizendo a que veio.

Municípios discutem Plano Nacional de Educação para as Relações Étnicorraciais


Relatos de experiências, discussão sobre as responsabilidades de cada segmento na implementação da Lei Federal nº. 10.639/03, que determina o estudo da cultura dos afrodescendentes no currículo das escolas, a apresentação do Plano Nacional de Educação para as Relações Étnicorraciais. Estes foram os objetivos do seminário realizado em Maceió.
O evento reuniu participantes de mais de 40 municípios alagoanos, numa iniciativa do Fórum Permanente de Educação e Diversidade Étnicorracial, que é coordenado pela Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (SEE), através da Gerência de Educação Étnico-Racial e Gênero.
Segundo o palestrante e professor mestre da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Clébio Araújo, o foco principal da palestra ministrada por ele foi o trabalho, a identidade nacional e o racismo. "Fizemos uma análise do processo de formação do povo e da nação brasileira. Procuramos demonstrar quais são os lugares reservados às minorias étnicas. Além disso, procuramos desvendar o mito da democracia racial através das contradições desse mito e as desigualdades que perpassam os diferentes dentro do que se chama democracia racial", informou.
Já o secretário de Educação de Joaquim Gomes, Mário José da Silva, destacou que este seminário foi de fundamental importância, uma vez que o negro ficou durante anos relegado ao patamar do esquecimento. "No momento em que se cria uma lei para tentar rever esse esquecimento é preciso comemorar. A partir de agora, o município de Joaquim Gomes irá tratar com mais cuidado e atenção a temática étnicorracial", assegurou.
Por fim, o palestrante Élcio Verçosa destacou que, felizmente, por pressão dos movimentos sociais, principalmente, o Movimento Negro, a temática étnicorracial está consubstanciada em lei. "O Brasil é um país mestiço. Isso não pode ser escondido e nem negligenciado pela escola. O povo negro deu uma contribuição enorme para que o país atingisse o patamar de desenvolvimento que possui. Povos e culturas precisam se articular e se respeitar", complementou o educador.


Fonte: Alemtemporeal

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A Câmara dos Deputados aprovou o Estatuto da Igualdade Racial


BRASÍLIA - A Câmara aprovou nesta quarta-feira o Estatuto da Igualdade Racial, que vem sendo discutido no Congresso desde 2003. Por acordo entre governo e oposição, foram retirados os pontos mais polêmicos do texto original como a criação de cotas para negros nas universidades federais, um percentual que obriga atores e figurantes afrodescentes em programas de TV e a titulação de terras quilombolas.
O deputado Daniel Feliciano (PDT-BA) acusou os colegas de aprovarem o estatuto desidratado, com poucos efeitos práticos para a população negra.
" Esse relatório suprime a essência de muitas coisas que já haviam sido conquistadas em anos de luta "
O acordo manteve a criação de cota para candidatos negros nas eleições, mas reduziu esse percentual de 30% para 10%. Já as cotas na TV foram eliminadas, e os artigos que instituíam a reserva de vagas no ensino superior foram substituídos por um texto genérico, que não fixa prazos ou percentuais. O relatório manteve a promessa, a ser regulamentada, de incentivos fiscais para empresas com 20% de trabalhadores negros.
O presidente da Comissão especial, deputado Carlos Santana (PT-RJ) minimizou as críticas e classificou a aprovação de vitória histórica.
- Ao aprovar o estatuto estamos reconhecendo que há discriminação racial no Brasil. Nós não recuamos.
O deputado Onix Lorenzoni (DEM-RS) elogiou o texto aprovado.
- O DEM lutou para que o estatuto fosse mestiço como é o Brasil. Não há espaço para racionalização ou para uma nação bicolor.
O ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, disse que a Câmara aprovou o texto que era possível.
- O estatuto foi possível diante da correlação de forças do Congresso. O maior avanço é que ele não vai gerar conflitos porque os partidos estão unidos em torno do mesmo texto - disse o ministro.
Com a aprovação do relatório da Comissão Especial, o projeto deve seguir diretamente para o Senado. A intenção é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancione o estatuto no dia da Consciência Negra, dia 20 de novembro.
O texto foi aprovado em clima de festa, com batucada promovida por militantes com roupas e turbantes afro. Os deputados esqueceram o protocolo e votaram de pé. Depois, cantaram de mãos dadas o samba "Sorriso negro", gravado por dona Ivone Lara.
Tramita na CCJ do Senado projeto que estabelece sistema de cotas nas universidades federais. O sistema prevê destinar 50% das vagas a alunos das escolas públicas com subcota racial. Essa subcota segue os critérios do IBGE. Ou seja, depende do número de negros na população do estado. Onde há 70% de negros, 70% das vagas destinadas para estudantes da rede pública devem ir para negros.
Fonte: O Globo

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Negros podem dirigir carros de luxo?







Negros podem dirigir carros de luxo?


Em Debate
Fonte: Global Voices Portugues -

Este é um artigo que foi traduzido para o inglês e colocado no blog Adventures of a Gringa (as aventuras de uma Gringa) e que pode ser lido no original neste link

Nas últimas semanas de agosto, a discussão sobre o racismo e preconceito na sociedade brasileira foi trazida à tona por um evento que causou um sentimento de revolta por todo o país. Januário Alves de Santana, um homem negro de 39 anos foi espancado pelos seguranças de uma das maiores lojas de departamento no Brasil enquanto esperava por sua esposa e seus filhos no estacionamento. Ele foi acusado de tentar roubar seu próprio carro. Os seguranças alegaram que, sendo Januário um homem negro, ele não teria condições de possuir um Ford EcoSport.
Rachel Glickhouse, em Adventures of a Gringa [Aventuras de uma Gringa, en], descreve precisamente o decorrer dos eventos do dia 07 de agosto como contado por Januário. Ela diz:
"Standing outside of the car, he noticed more suspicious men approaching him. Then one-who was actually a security guard-approached him and took out a gun. He attacked Januário without identifying himself, and Januário didn't know if it was a mugger or a cop. While they struggled, passersby called for help, and Januário thought he was saved. Several security guards from Carrefour approached, and he explained that it was a misunderstanding-he was not in fact trying to steal the motorcycle nearby. The security guards grabbed him and took him inside to a small room to "work out" what had happened. "So," they said, "you stole an EcoSport and were trying to take a motorcycle, too?The five security guards then proceeded to beat Januário senseless, in what the original report called "a torture session," hitting, punching, headbutting, and pistol-whipping him, knocking out his teeth and leaving him bleeding heavily. Januário says he tried to explain that the car was his, and that his baby daughter was inside while his family was shopping. His attackers ignored him. "Shut up, n*****. If you don't shut up, I'll break every bone in your body," one of them yelled. They laughed when he insisted it was his car. The beating lasted around twenty minutes, before the police arrived".




"Esperando fora do carro, ele avistou mais homens suspeitos se aproximando. Então um dos homens - que na verdade eram seguranças - aproximaram-se dele e tiraram uma arma. Ele atacou Januário sem se identificar, e Januário não sabia se o tal homem era um ladrão ou um policial. Enquanto brigavam, pessoas que passavam por ali pediram ajuda, e Januário achou que ele estava salvo. Vários seguranças do Carrefour se aproximaram, e ele explicou o mal-entendido - que ele não tentou roubar a motocicleta próxima a ele. Os seguranças o agarraram e o levaram a uma pequena sala para "resolver" o que tinha acontecido. "Então", eles disseram, "você roubou um EcoSport e tentou roubar uma motocicleta também?"Os cinco seguranças então continuaram a golpear o Januário sem sentido, o que o relatório original chamou de "sessão e tortura," batendo, socando, cabeceando, e dando coronhadas nele, acertando seus dentes e o deixando sangrando bastante. Januário disse que tentou explicar que o carro era seu, e que sua filha estava dentro do carro enquanto sua família fazia as compras. Os agressores o ignoraram. "Cale a boca, pr***. Se focê não calar a boca, vou quebrar todos os ossos do seu corpo," um deles disse. Eles riram quando Januário insistiu que o carro era dele. O espancamento durou em torno de 20 minutos, antes da polícia chegar."

E continua a explicar, ao dizer que "a tortura ainda não tinha acabado", até mesmo após a chegada da polícia:




"One of the military policemen, by the name of Pina, didn't buy Januário's "story." "You look like you've been in jail a couple of times. Come on, fess up, it's ok," the police officer said. Another police officer didn't believe he was a security guard, and started quizzing him about security rules. Finally, the police went to Januário's car and confirmed it did in fact belong to him and his wife. His family was there, shocked to see him bleeding with cracked teeth, and his daughter was still asleep in the car."




"Um dos oficiais de polícia, conhecido como Pina, não acreditou na "história" do Januário. "Você deve ter duas passagens na cadeia. Vamos lá, confessa, ta?" o oficial disse. Um outro policial não acreditou que Januário era de fato segurança, e começou a questioná-lo sobre regras e segurança. Finalmente, os policiais foram até o carro de Januário e conformaram que, de fato, o carro pertence a ele e sua esposa. Sua família estava lá, chocada ao vê-lo sangrando com os dendes quebrados, e sua filha continuava dormindo no carro."


A polícia deixou Januário sem oferecer ajuda ou chamar uma ambulância. Ao ser levado ao hospital por sua família, Januário foi tratado por choques e lacerações. Desde então, ele já perdeu 8 kg, sofre de insônia, não pôde voltar ao trabalho, e, na última quinta-feira, foi operado para corrigir uma fratura óssea na face. A família registrou queixa com a polícia da região, e de acordo com a versão policial, seu espancamento foi consequência de um "tumulto" e "briga entre alguns clientes". O Carrefour emitiu uma nota lamentando o mal-acontecido e dizendo que vai cooperar com as investigações. Januário planeja processar ambos, tanto o supermercado quando o Estado de São Paulo, e vender o carro que ainda paga as prestações de R$789, divididas em 72 vezes.
Na medida em que o caso obteve grande repercussão por todo o país, a maioria das pessoas simpatizou com Januário. O blog Censurado aponta muitos outros casos de preconceito contra negros cometidos pela segurança dessa mesma loja de departamentos, e ironicamente pergunta aos seus leitores:

Queria um conselho dos meus leitores. Se um dia eu precisar comprar, sei lá, um shampoo no Carrefour, devo levar um amigo branco junto comigo?
Maria Frô replicou a notícia original do AfroPress em seu blog, adicionando um título diferente à notícia que parafraseia o livro “Não Somos Racistas” do jornalista Ali Kamel. O título do post é:
É, segundo Kamel, não somos racistas. Só quase assassinos.
O blog Pão e Rosas repudiou veementemente o caso contestando o mito da democracia racial brasileira:
Enquanto os discursos de intelectuais, políticos burgueses e dos meios de comunicação afirmam veemente “Não somos racistas”, vem à tona um caso escandaloso de como o racismo se reproduz nas formas mais violentas e repugnantes. Todo a falácia da democracia racial cai por terra frente a casos como este – e poderíamos listar tantos outros que ganharam repercussão e depois foram esquecidos, na maioria das vezes marcados pela impunidade.
Juarez Silva Jr., do Blog do Juarez, segue essa linha de pensamento e também contesta o mito de que o Brasil das misturas culturais seja uma democracia racial pacífica:
é verdade… , quando o negro sai do seu “esteriótipo e ‘lugar’ social ” ele “paga o preço”, afinal se ele não tivesse um carro bacana, talvez nada disso tivesse acontecido não é mesmo ???? , cansado de ter problemas por sua situação social não condizer com o “esperado” pela sociedade, a vítima já pensa em vender o “carro problemático” […]Deus me livre de por as rodas do meu vistoso Adventure no estacionamento dessa rede…, BOICOTE JÁ.




No Geledés Instituto da Mulher Negra, muitas pessoas lamentaram essa notícia e encheram a caixa de comentários com ideias de revolta. Por exemplo, Ayraon diz:
Só no Brasil se acha que o racismo é velado. Velado nada! Só não vê quem não quer, ou seja, o povo brasileiro iludido por uma visão deturpada de si mesmo. “Somos mestiços!” diz um, “Não existe preto ou branco” diz outro na hora que esse preto inexistente diz sofrer racismo. Lá fora, quem conhece o Brasil, não consegue entender como esse país pode, por tanto tempo, esconder seu racismo doente. Aqui dentro, vivemos na insanidade coletiva: brancos acham que racismo não existe, que tá na cabeça dos pretos (que, segundo alguns pretos e brancos, não existem), negros dizem que o racismo brasileiro é “velado”; e muitos aceitam essa situação (alguns até dizendo nunca terem sofrido racismo, mesmo sendo alvo dele todo o dia). A história do bahiano me deixa triste , por que ela v ai se repetir, e se repetir, e se repetir sem que façamos nada. Ou iremos fazer algo?
Respondendo à pergunta acima, as mobilizações já começaram. Houve uma manifestação em 22 de agosto e, de acordo com o Instituto Geledés, um protesto maior contra o supermercado acontecerá em 5 de setembro.
A questão racial é muito complexa para países que já foram colônias de Estados desenvolvidos e assombrados pela escravidão; muito preconceito permanece em suas sociedades contemporâneas. O Brasil é um lugar marcado pela escravidão violenta de negros africanos que durou mais de 300 anos e que foi, de certo modo, um braço do quadro econômico durante a era colonial. O racismo sempre esteve ligado à relações sociais no país. Os negros hoje herdaram este estigma social e sofrem racismo em vários aspectos do cotidiano. Mas isso é assunto para ser trabalhado mais detalhadamente em outro post.
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